Memorial
Era março de 1992, havia acabado meu estágio de Técnica em Agropecuária e uma enorme interrogação surgia: E agora? O que fazer? Faculdade? Não. Não havia possibilidade de fazer o curso de medicina veterinária que eu queria tanto. Resolvi então ir para São Paulo onde já havia morado por muito tempo e fazer um curso de inglês acreditando que abriria portas para mim. Sim, gosto de idiomas. Lá fiquei apenas um mês, pois meu noivo ligara contando que surgira uma oportunidade de emprego: seis aulas de inglês em uma Escola Cenecista por semana. Como eu não tinha encontrado emprego para bancar um curso de inglês, não sou fã de capital e estava morrendo de saudade do meu noivo, resolvi unir o útil ao agradável. Afinal (referindo ao emprego) mais vale um passarinho na mão... Nota: aceitei dar aulas de inglês porque tive excelentes professores (todos moraram fora do país EUA e Inglaterra – boa influência e bom incentivo) e não havia professores licenciados na região onde moro. Tudo isso somado a minha dedicação e esforço assumi em abril daquele ano corajosamente 3 turmas: 7ª,8ª e 1º ano do antigo 2º grau. Minha primeira aula foi no 1º ano. Fiz meu plano de trabalho, eu nem sabia o que era plano de aula, mas planejava rusticamente. Tremi igual a um bambu em tempestade. Um mês depois eu estava trabalhando nas três turmas. Sabe o que aconteceu? Me apaixonei por educação. Dei aulas de inglês e português de 5ª ao 1º ano por muito tempo em 97 fui convidada para assumir a direção de uma escola municipal, aceitei o desafio. Adoro desafios. Fui coordenadora de alfabetização do PCN em ação. Surgiu também em 2002 a oportunidade de trabalhar contratada pelo Estado da Bahia, aceitei. Há muito tempo uma inquietação me tirava o sono: preciso estudar, fazer uma graduação. Vou me preparar. E fui estudar para prestar vestibular. Estudei em casa, lia revistas, assistia a um programa de TV para vestibulandos e passei de primeira para o curso de pedagogia, na verdade eu queria cursar letras com inglês, mas não tinha. Eu não podia sair para estudar fora, pois tinha marido e filho. Mas tive aulas maravilhosas com a professora Márcia Lanza: língua portuguesa I e II. Me realizo profissionalmente em educação. Tenho amigas pessoais que foram meus alunos. De vez em quando recebo telefonemas ou mensagens no orkut assim: oi pró, meu 1º filho nasceu, saudade ou vou cursar letras por causa de suas aulas. Não tem dinheiro que pague isso, não é? Mas, me chateio quando vejo também alunos desistindo, repetindo a mesma série, salas de aula superlotadas, educandos desmotivados, quando minha aula foi ruim, quando não dei conta de uma atividade qualquer, colegas falando uma língua diferente... Ah! Não tenha uma impressão equivocada de mim. Sou otimista sim. Quero melhorar profissionalmente, tenho cede de saber. Quero ir longe na minha profissão! Quero inspirar outros jovens, quem sabe. Uma palavra importante: Partilha. Acredito que o conhecimento deve ser compartilhado, multiplicado. Hoje atuo como coordenadora pedagógica e gosto do que faço. A formação continuada é uma conquista importante para nós educadores e educadoras brasileiros, uma oportunidade real de fazer acontecer a ação – reflexão- ação. Olha que legal: no GESTAR II vou coordenar duas coordenadoras que foram minhas alunas. Quero contribuir para o crescimento da educação do meu município. Sabe aquela história do beija-flor que quer apagar o incêndio da floresta? Então...
Comentários
MIL BEIJOS.
VALQUÍRIA